Rugendas

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Perfil do Artista
Perfil do Artista

Rugendas

Johann Moritz Rugendas
(nasceu no dia 29 de março de 1802 na cidade de Augsburgo, na Alemanha – Faleceu no dia 29 de maio de 1858 na cidade de Weilh)

Cresceu em uma família de artistas, envolvido com o meio acabou se formando como um grande pintor na Academia de Belas Artes de Munique, na qual especializou-se na arte do desenho.

O artista foi integrante da missão do barão de Georg Heinrich von Langsdorff, a qual o trouxe para o Brasil.

Chegou em território brasileiro no ano de 1821 com a função de ser espião na missão científica que integrava. Rugendas, como costumava assinar seus trabalhos, viajou pelo país para coletar material para suas pinturas e desenhos.

Chega ao Rio de Janeiro em 1822, em pleno momento de efervescência política com o processo de independência do país. Problemas de várias ordens retardam por dois anos o início das viagens exploratórias pelo continente brasileiro.

Apesar de viver isolado com os outros participantes da expedição na Fazenda Mandioca, de propriedade do cônsul, Rugendas vai constantemente à capital, fazendo amizade com os artistas da Missão Artística Francesa.

Nesse período retrata membros da família Imperial, a paisagem natural, a fauna, a flora, os tipos físicos e as vistas da cidade do Rio de Janeiro. É convidado para participar da Exposição Geral de Belas Artes.

Ao longo de suas andanças, acabou se dedicando ao registro dos costumes locais, deixando claras as classificações da botânica e dos tipos humanos.

O pintor era genial na representação das imagens, utilizando de artifícios para que as cenas se tornassem legíveis sem se apegar a uma fidelidade sobre a realidade.

Em 1824, partem finalmente em direção a Minas Gerais, passando por São Paulo. Rugendas logo se desentende com Langsdorff e abandona o grupo, continuando suas andanças sozinho.

Não é conhecido o itinerário exato seguido pelo artista, mas pelos desenhos realizados sabe-se que passa por São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco.

Johann Moritz Rugendas ocupou-se da documentação do mundo luso-brasileiro, registrando a situação particular da percepção e atrelado à reprodução da situação objetiva, foi um pintor alemão sem intimidade com a América.

O artista permaneceu no Brasil até 1825, quando voltou à sua terra natal para prestar contas de suas tarefas na missão científica ordenada pelo barão von Langsdorff.

Todavia, em 1831, Johann Moritz Rugendas embarcou por conta própria para uma nova viagem ao continente americano com o intuito de conhecer diversos outros países baseando-se no mesmo objetivo que o trouxe ao Brasil na década anterior.

Desenvolvendo uma obra com temáticas predominantemente paisagísticas e de representação de cenas do cotidiano, o pintor alemão permaneceu no Novo Mundo até o ano de 1846.

Deixou ainda vários estudos de plantas, índios, negros e retratos. É nesse período que o artista começa a desenvolver pinturas a óleo, assimilando as técnicas aprendidas durante sua passagem estudando em Roma, Itália e familiariza-se com as correntes artísticas avançadas: Neoclassicismo e Romantismo.

Mais tarde, com o apoio do naturalista Alexander von Humboldt e já novamente no continente europeu, publicou suas memórias de viagem e transformou alguns desenhos e aquarelas nas litografias que integraram o luxuoso álbum Viagem Pitoresca ao Interior do Brasil.

Até hoje o livro é considerado um dos mais importantes documentos iconográficos sobre o Brasil do século XIX. Contém as seguintes subdivisões: paisagens, tipos e costumes, usos e costumes dos índios, a vida dos europeus, europeus na Bahia e em Pernambuco, usos e costumes dos negros.

Entretanto, é preciso notar que a obra brasileira de Rugendas nem sempre é uma cópia fiel da realidade. As ilustrações de plantas e animais obedecem a um caráter minucioso e objetivo; nesses casos o artista desenha sob a tutela de naturalistas.

Com relação às paisagens, o litógrafo Diener fala de “uma imagem fiel do entorno natural”, apreendido mais em sua unidade do que nos detalhes.

São nas cenas da vida cotidiana da população brasileira da época e nos retratos etnográficos que percebemos o artista empenhado em criar imagens idealizadas. Os corpos de negros e índios são representados em estilo clássico, os traços suavizados e europeizados, bem como é amenizada a situação dos escravos.

De 1829 até sua partida, pinta telas de temas brasileiros com base em seus desenhos. São espaços idílicos que refletem ideias correntes na época sobre o Novo Mundo como paraíso terreal e habitat do bom selvagem

Johann Moritz Rugendas cedeu sua coleção de desenhos e aquarelas ao Rei Maximiliano II em troca de uma pensão anual e vitalícia, perdendo-a anos depois por não realizar produção pictórica com base em seus trabalhos americanos, tal como havia acordado.

O artista faleceu no dia 29 de maio de 1858 na cidade de Weilh em situação financeira não muito favorável e amargurado pela certeza do fracasso artístico.